7 de mai. de 2015

Ilógico

Se me fosse dado o direito de voto,
Eu diria que não somos nós mesmos.
É apenas quando somos odiados sem motivo...
Quando sentimos esse gosto nojento em nossas bocas,
Descobrimos quem realmente somos
E, portanto, nossa real capacidade.

Tentamos ser gentis sempre que possível,
Pois é clara a vantagem dessa posição.
É esse o maior perigo:
Mesmo que nessa posição,
Ainda não estamos imunes à maldade,
E a injustiça nunca soa mais clara.
"Devo ser o único"

Exatamente nesses momentos,
Em que o mundo segue (como sempre faz),
Sem perceber nosso esforço de nos comportar;
É que surge no âmago da crueldade
A vontade de tomar a justiça pelas nossas próprias mãos.
Uma ilusão de superioridade moral...

"Me odeia? Perfeito!
Finalmente encontrei um motivo para descontar,
Mostrar essa face minha realmente passível de ódio.
Faço questão de te encontrar,
Mesmo que isso signifique o perseguir para sempre.
E acredite: Não deixarei que fuja dessa vez,
Afinal, devo ser um monstro mesmo para,
Mesmo frente à minha melhor personalidade,
Ser alvo de tamanha brutalidade.

Faça-me apenas um favor: não morra ou mude.
Não tire de mim essa amargura,
Esse aroma delicioso de putrefação.
Isto será, para sempre, o motivo da minha vida,
Correr e correr sem parar em direção a algo melhor.
Talvez seja você, de todas as pessoas,
A que me fará feliz."

O mais engraçado?
"Não me esqueça. Por favor, não me esqueça!"
Mesmo no mais íntimo ódio,
Seu único desejo significa ser amado,
Ainda que por alguém que o odeia.

É impossível ser mau nesse mundo.

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