25 de set. de 2012

Eclosão

Sinto-me vazio porque não mais tenho o que completar.
Sinto-me vazio porque fui deixado assim.
Seja por demônio divino ou querubim caído,
Sinto-me vazio.

Não sinto raiva nem angústia,
Não desejo vingança ou punição.
Não quero nada... e por isso estou.

Pois que venham novas trovas à cantar,
Novos delírios na beira da razão.
Que deem o pior que possam dar!
Pois sinto a vontade de disputar.

Não quero história,
Deixo-a para os que se fazem dela.
Tenho apenas avidez pelo momento,
Que ele exista e se faça.

Estou privado de felicidade,
Tampouco de tristeza.
Mas espero por sentir arder...
E queima.

24 de set. de 2012

Inefável

Hoje um anjo beijou-me a testa.
Senti-a atravessar o peso travestido
De memórias, de imagens, de vergonha...
E por instantes me senti leve... a sonhar...

Saiu à voar.
Era corrida por seus afazeres
E disputada pelos mais nobres celestes.
Ainda assim, voltava sem falta para me concertar.

Deixava-a ir, pois sabia que voltava,
Pois mesmo quando os Deuses a castigavam
E o mundo abalava com Iras eternas,
Estava ela lá, a bater em minha janela.

Quando não mais entendia sua vontade,
Quando fustigava-me o pensamento
Perguntei-lhe o por quê de tudo isso.
E ela? Ela sorriu...